Os fariseus que no final do evangelho de hoje (João 8,51-59) queriam apedrejar Jesus são os mesmos que no evangelho de terça-feira (8,21-30) creram em Jesus quando ele disse que era o enviado de Deus mas logo a seguir, no evangelho de quarta-feira (8,31-42), não gostaram de ouvir as palavras de libertação ditas pelo mesmo Jesus em quem eles haviam recém acreditado, daí a tentativa de linchamento.
Os hipócritas cobertos de razão
Os fariseus surgiram, provavelmente, no tempo do reino estabelecido após a revolta dos Macabeus, período imediatamente anterior ao da ocupação romana durante a qual Jesus nasceu. Eles eram mais ou menos como os intelectuais da época, porque estudavam a Torá (tanto é que quando Jesus critica a hipocrisia dos fariseus, faz a ressalva de que ao menos o que eles dizem está correto) mas não se identificavam com o povo a quem ensinavam por se considerarem puros.
A liberdade X apenas a sensação
Hoje em dia quem diz a coisa certa também se ofende, como os fariseus, quando suas ações incoerentes com seu discurso são apontadas como erros - afinal, é muita ousadia criticar as fontes puras de onde brotam as palavras e ideias mais belas que podemos ouvir.
O que ofendeu os fariseus (que, ressalte-se, acreditaram em Cristo) não foi nenhuma correção ao que eles diziam, mas a possibilidade de libertação que Cristo ofereceu, mas porque era inconcebível aos fariseus perceber o quanto eram tão oprimidos (quer fosse pelo pecado, do qual Cristo liberta, quer fosse pelos romanos): quem tem que ser libertado é sempre o outro e não eu.
As armadilhas da sabedoria
Quem "sabe das coisas" necessariamente coloca-se em um patamar à parte dos que julga não saberem, mesmo que eventualmente aquilo que saiba (e diga) esteja certo e seja verdade. Mas a prisão do pecado faz com que até a verdade se torne uma armadilha (quantas pessoas não oprimiram outras até mesmo em nome de libertá-las do pecado?!?).
Jesus, a liberdade eterna
Por isto que qualquer verdade e libertação que não se baseiem na verdade e libertação de Jesus não se sustentam, porque só Jesus pode ser o ponto de partida que as mantém pela eternidade.
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