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A ideia de Tradição em um contexto católico é (numa definição minha, e não na oficial) a transmissão viva de uma fé igualmente viva.
Que os antigos fizessem assim ou assado não é, por si só, um motivo para continuar fazendo igual, especialmente se o que se repete do passado chama mais a atenção do que Cristo.
A Tradição manteve a legitimidade da pena de morte até recentemente, por exemplo, mas só até que o magistério da Igreja compreendeu que isto não fazia sentido (de maneira análoga a S. Pedro compreendendo que a proibição de tal ou qual alimento não fazia, igualmente, nenhum sentido para os cristãos); a mesma Tradição é a que mantém a permissão para qualquer padre usar essas vestes litúrgicas espalhafatosas - mas é uma permissão que não se transforma em uma obrigação, e aí entra o que alguém comentou na postagem original do facebook: a liturgia é não é uma questão do que pode ou não pode, mas sim do que faz sentido ou não faz sentido, e em vista do que faz sentido para que Cristo apareça.
O problema do tradicionalismo é que ele repete o mesmo erro do materialismo, que substitui Deus por aquilo que é tangível, visível, e põe sua confiança na matéria - enquanto que o tradicionalismo substitui Deus por uma tradição, e mesmo sem negar a existência de Deus, tenta prendê-lo no passado mais ou menos como, antigamente, prenderam Cristo em uma cruz.