• As cidades inteligentes estão a tornar-se cada vez mais vitais devido à urbanização e à necessidade de uma gestão urbana eficiente, especialmente durante as crises económicas pós-COVID-19.

• A tecnologia Blockchain é fundamental para permitir a troca de dados confiável e transparente entre as inúmeras partes interessadas em um ecossistema de cidade inteligente.

• A interoperabilidade entre cidades inteligentes é crucial para resolver problemas sociais de forma abrangente e melhorar a qualidade dos serviços urbanos.

• Os esforços em direção à interoperabilidade incluem um modelo de três camadas para utilização de blockchain, enfatizando a importância da governança, da padronização de dados e de modelos comerciais colaborativos.

À medida que os centros urbanos crescem, impulsionando o crescimento económico e a inovação, o apelo por iniciativas de cidades inteligentes torna-se mais forte. Com estimativas das Nações Unidas sugerindo um aumento no número de megacidades, as pressões da urbanização são claras. É neste contexto que o blockchain surge não apenas como uma tecnologia, mas como uma força transformadora capaz de redefinir a gestão urbana. Esta transformação é impulsionada pela necessidade de modelos de governação mais eficazes, impulsionados pela capacidade da blockchain de facilitar trocas de dados transparentes e fiáveis sem supervisão centralizada.

A adoção do blockchain nas cidades inteligentes anuncia uma nova era nos serviços urbanos. Iniciativas como o Smart Dubai são uma prova do potencial do blockchain para agilizar processos em finanças, educação e transporte. No entanto, a visão das cidades inteligentes vai além dos sucessos individuais. O verdadeiro poder destas iniciativas reside na sua capacidade de ligação, de operar não em silos, mas como parte de uma rede interoperável de cidades. É aqui que a integração de um modelo de três camadas para utilização de blockchain se torna fundamental:

1. Business model (Modelo de Negócios): inclui modelos de governança, padronização de dados, estruturas legais e modelos comerciais. Sublinha a necessidade de uma abordagem harmonizada à gestão de dados e legalidades em vários serviços da cidade, estabelecendo um quadro cooperativo que se alinhe com as realidades comerciais.

2. Platform (Plataforma): trata dos mecanismos de consenso, contratos inteligentes e protocolos de autenticação que sustentam a execução técnica do blockchain na infraestrutura da cidade inteligente.

3. Infrastructure (Infraestrutura): abrange os componentes físicos e digitais necessários para blockchain, como nuvens híbridas, blockchains gerenciados e sistemas proprietários que podem ser exclusivos de determinadas partes interessadas.

Alcançar a interoperabilidade transcende os obstáculos técnicos, exigindo soluções que abrangem governação, propriedade de dados e modelos de negócios comerciais, todos concebidos para incentivar a colaboração entre as partes interessadas da cidade.

Consideremos a mobilidade como serviço (MaaS), um conceito crítico para o futuro do transporte urbano. O MaaS visa unir vários métodos de transporte em um serviço contínuo, aumentando a conveniência e a eficiência. O Blockchain pode desempenhar um papel significativo na realização do MaaS, gerenciando a troca de dados e a distribuição de receitas entre os operadores de transporte. No entanto, para ter sucesso, as questões de padronização de dados e interoperabilidade de contratos inteligentes devem ser resolvidas, garantindo que todos os sistemas possam funcionar em conjunto de forma harmoniosa.

À medida que avançamos em direção a um futuro cada vez mais urbanizado, o papel da blockchain na promoção de cidades inteligentes e interligadas torna-se inegável. Embora a tecnologia em si tenha um imenso potencial, é o compromisso com a interoperabilidade e a resolução colaborativa de problemas em todas as camadas de utilização da blockchain que acabará por ditar o sucesso das cidades inteligentes. Como tal, o foco dos planeadores e tecnólogos urbanos deve ser a criação de um ambiente onde a interoperabilidade não seja uma reflexão tardia, mas um princípio fundamental do desenvolvimento de cidades inteligentes.

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