<100 subscribers
Entre os comentários que um monsenhor chamado Antonio Pitta escreveu para o livro do Conselho Pontifício, está o seguinte:
O grande risco que São Paulo e São João vislumbram é que, em nome do amor a Deus, na Igreja se possam cometer graves abusos e omissões. Porque o amor a Deus é fácil de adaptar às próprias exigências, difícil é amar o próximo em carne e osso. Portanto, não é o amor a Deus que gera o amor ao próximo, mas o amor ao próximo é o espelho do amor a Deus. (Conselho Pontifício para a nova evangelização. As parábolas da misericórdia, p.32)
O autor escreveu este comentário ao falar sobre a parábola do Bom Samaritano que, segundo ele, se insere em um debate que havia nos tempos de Jesus: quem é o próximo a quem se deve amor?
Conforme o livro, no início da parábola o próximo é o infeliz que foi assaltado, mas no fim dela, o próximo é um samaritano, que naquela época era uma espécie de outra "denominação" religiosa paralela a dos israelitas (mais ou menos como as variadas "denominações" cristãs hoje em dia - se bem que no diálogo com a samaritana Jesus tenha dado razão aos israelitas, apesar de ter subordinado ambos a amar a Deus em espírito e verdade, em qualquer caso).
O próximo se reconhece, assim, pela necessidade, e também se reconhece pela misericórdia, mas em nenhum caso deixa de ser o próximo por sua identidade, seja ela qual for, ou por integrar tal ou qual grupo.
Deus inclui todas as pessoas no seu amor, sem excluir nenhuma delas por qualquer critério que seja, o que faz com que, ao menos para um cristão, todas essas pessoas a quem Deus ama sejam também aquelas a quem o cristão ama, ou ao menos deveria amar, mas não como quem está em condições de se abaixar até o outro, e sim como quem se erguer a partir da própria pequenez.